terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O turismo gera emprego e renda sem poluir

José Carlos Lima 

O turismo é uma indústria limpa e desejada por qualquer governo, por movimentar a economia do entretenimento e serviços como nehuma outra é capaz de fazer. O Pará, um estado pujante, de localização privilegiada, com grande parte da exuberante floresta Amazônica, campos de natureza, cerrado e região costeira, dono de um rica história do período colonial, possuidor de inigualável diversidade étnica e de uma rica culinária, não valoriza essas marcas e nem cria condições para atrair turistas. 

Em Salvador, onde o turismo já é forte, os governos sempre querem mais e mais turistas, por um tempo de permanência cada vez maior. Estive lá recentemente, onde participei da cerimônia de assinatura do termo de comodato entre a família de Jorge Amado e Zélia Gattai e a Prefeitura. Os familiares dos escritores estão entregando a casa da Rua Alagoinhas, 33, no bairro do Rio Vermelho, para que o Memorial Casa do Rio Vermelho seja construído com o acervo dos baianos famosos. ACM Neto, no ato da assinatura, destacou que o objetivo da Prefeitura era dar motivo ao turista para ficar um dia a mais em Salvador.

A Casa onde moraram Jorge Amado e Zélia Gattai é bonita e o acervo tem grande valor para a cultura nacional. Todavia no Pará temos, da mesma forma, escritores renomados, com grande acervos, além disso temos atrativos ímpares, iniguláveis, todos dentro de uma moldura exuberante construído pela natureza. A civilização europeia ocupou a América do Sul entrando pela Amazônia. Isto é potencialmente um diferencial.

Certa vez, visitando a exposição “Homem das Américas”, na sede do Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, deparei-me com peças de artesanatos tapajônicos classificadas como as mais antigas peças fabricadas pelo homem no continente.

O ex-deputado Gabriel Guerreiro, recentemente falecido, era dono de uma tese que a Amazônia foi habitada por uma civilização muito antiga, que ocupou as várzeas do Grande Rio e ali deixou muitos vestígios que merecem ser pesquisados, catalogados e expostos também como produtos turísticos, além de objetos científicos.

Demorei-me um pouco na Bahia, e lá, conversando com intelectuais sobre a Amazônia, fui surpreendido com a pergunta sobre os americanos que migraram para Santarém depois da Guerra de Secessão. Respondi que não conhecia bem a história, mas falei com entusiasmo de Fordlândia e vi que todos se interessaram e ainda alongaram a conversa sobre Jari e Daniel Ludwig.

Fordlândia e Jari podem se transformar em atrativos para pessoas interessadas na história desses dois homens visionários. Associar a região à história da indústria automobilística, creio que atrairia americanos, que terão a oportunidade de conhecer a exuberância da região e tomar banho nas deliciosas praias do Caribe Brasileiro.

O Pará tem marcas fortes e uma ínfima política de turismo. Os números de pessoas que escolhem nosso estado para passar férias, passear, divertir-se, conhecer história, pontos geográficos, culinária ainda é muito pequeno por falta de investimentos na infraestrutura para recebê-los. Basta ver que 28% de todos os turistas do mundo viajam pelos seguintes motivos: natureza, ecoturismo e aventura.



 
José Carlos Lima é advogado, consultor ambiental, presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB Pará e presidente estadual do PV.
zecarlosdopv@gmail.com

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