PARTE I
O início da fraude
Com uma população estimada em 23.752 habitantes, em 2019, segundo o IBGE, o município paraense de Salvaterra, na Ilha do Marajó, é, segundo o Ministério Público Federal, o que possui o maior numero de fraudadores do seguro-defeso do pescador em todo o Estado do Pará.
Segundo investigações da Polícia Federal, a maioria
das irregularidades na concessão do seguro-defeso foram identificadas em
Salvaterra. A PF identificou 15 mil cadastros de pescadores que
estariam aptos para receber o benefício, ou seja, mais da metade dos seus habitantes.
Segundo a PF, a fraude seria comandada pelo presidente da Colônia de Pescadores, Célio Paraense, que responde há cerca de 13 processos na Justiça Federal,
sendo já condenado em deles a 11 anos de prisão em regime fechado, o que levou a sua prisão no final de novembro do ano passado.
Ele também está impedido desde 2014, pela Justiça, de assinar
qualquer documento pela Colônia de Pescadores, e até mesmo de entrar no
imóvel onde é a sede da entidade, que pode ser leiloado para pagamento
de dívidas.
No entanto, fatos novos poderão ocasionar uma reviravolta no caso, e a inocência de Célio Paraense poderá ser provada e o mesmo posto em liberdade.
Segundo uma fonte que prefere não se identificar, Célio Paraense foi vitima da ex-secretária da Colônia de Pescadores, Odaiza Gomes da Silva, do seu ex-marido e atual secretário, Arilson Jeans Monteiro dos Santos, e do seu filho de criação, Ossian da Silva Barreto.
Tudo começou com Odaiza que, quando secretária da Colônia, tinha acesso a toda documentação da mesma, e era responsável pela emissão das declarações que comprovavam a condição de pescador, o que permitia que os mesmos obtivessem o seguro-defeso. Célio Paraense, presidente da Colônia, sempre estava viajando, e deixava as declarações assinadas em branco para Odaisa.
Em 2007, ao descobrir que Odaiza estava cadastrando pessoas que não eram pescadores, Célio a dispensou, o que motivou a mesma denunciar ao Promotor de Justiça de Salvaterra o presidente da Colônia, como fraudador do seguro-defeso. Ela ainda entrou com ação na Justiça do Trabalho, que tramita até hoje, onde pede indenização superior a R$ 100 mil (processo Nº 0102300-37.2007.5.08.0005).
Pelo que se pode ver, Odaiza agiu por vingança, colocando a culpa em Célio das fraudes que ela mesma cometia junto com seu marido, Arilson Jeans, hoje separado da mesma, e que passou a trabalhar na Colônia em seu lugar. Odaiza também alega que teve uma relação com Célio, com quem teve um filho que o mesmo nunca reconheceu.
Arilson Jeans, logo após a prisão de Célio Paraense, se auto-proclamou presidente da Colônia de Pescadores, se esquecendo que também responde a processo na 3ª Vara Criminal da Justiça Federal por fraudar o seguro-defeso, processo Nº
7637.20.16.401390-0, e seu primeiro ato, muito estranho por sinal, foi apresentar proposta de acordo na Justiça do Trabalho, que beneficia sua ex-mulher, com promessa de pagar R$ 25 mil até o final de janeiro, despesa essa que a Colônia não tem como arcar.
(Continua)
