
Via Coluna do Lauro Jardim (O
Globo)
D.
Orani Tempesta entrou definitivamente em seu período de inferno astral. Além da
delação do ex-padre Wagner Portugal, ex-braço-direito do cardeal arcebispo do
Rio de Janeiro, que envolve uma organização social católica, Sérgio Cabral
pretende contar episódios nada cristãos sobre a Jornada Mundial da Juventude,
realizada no Rio em 2013.
De
acordo com interlocutores de Cabral, Dom Orani procurou o então governador para
ajudá-lo a levantar fundos para o evento. Dizia que estava difícil captar os
recursos necessários para organizar a Jornada.
Cabral,
então, teria se prontificado a resolver o problema — mas ao seu modo. Explicou
ao cardeal que poderia conseguir dinheiro com alguns fornecedores do estado,
deixando claro que eram recursos de propina, mas que poderiam ser repassados
para auxiliar o caixa da JMJ. Pela versão de Cabral, Dom Orani topou.
Última instância
Seis
ex-diretores da Pró-Saúde entregaram ao Ministério Público um roteiro envolvendo
religiosos e falcatruas da turma do onipresente Sérgio Cabral.
Um
deles, Wagner Portugal, admitiu que costumava dar presentes a Dom Orani
Tempesta, como revelaram os repórteres Chico Otavio e Vera Araújo. Ainda assim,
todos delatores sustentaram que o clérigo não só não participava, como sequer
sabia do esquema de corrupção na Secretaria de Saúde fluminense.
Os
relatos sobre maracutaias na Pró-Saúde ultrapassaram os limites dos
confessionários brasileiros. Antes mesmo de a bomba estourar, o Vaticano havia
recebido informações, extra oficiais, de que a organização social comandada por
gente ligada à Igreja Católica acumulava pecados.
(Colaborou
Gabriel Mascarenhas)