O processo de Galileu, a excomunhão de Martin Luther, passando pela "confissão" dos Templários: pela primeira vez o Vaticano revela ao público alguns de seus inúmeros segredos, numa exposição excepcional, aberta nesta quarta-feira nos museus do Capitólio, em Roma.
No total, mais de cem documentos originais foram selecionados, por ocasião dos 400 anos de criação desses arquivos secretos, pelo papa Paulo 5.
| Tony Gentile/Reuters | ||||
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| Visitante observa exposição "Lux in Arcana, que revela documentos valiosos do Vaticano |
Intitulada "Lux in arcana" ("Luz sobre os segredos" em latim), a exposição permite ao visitante descobrir a pedido de anulação do casamento de Henrique 8º e Catarina de Aragão, e o "dictatus Papae" de Gregório 7, um manuscrito do século 11 afirmando a supremacia dos papas sobre todos os outros poderes na terra.
Além do processo de Galileu e a bula de excomunhão de Martin Luther, está um pergaminho de 60 metros, remontando a 1308, e contendo a confissão dos templários diante de três cardeais enviados por Clemente 5 ao castelo de Chinon (centro da França).
"É a primeira vez na História, e talvez, também, a última, que esses documentos deixam o interior do Vaticano", afirmam os organizadores.
Sinal da importância do evento, o número dois do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone, abriu a exposição ao lado do "ministro" da Cultura do Vaticano, Gianfranco Ravasi, do prefeito de Roma, Gianni Alemanno, e do ministro italiano da Cultura, Lorenzo Ornaghi.
Ouvido pela imprensa sobre o que o teria mais impressionado nesta exposição, o cardeal Bertone respondeu: "Certamente, a verdade histórica".
EVENTOS HISTÓRICOS
Também foram revelados documentos que defendem a atitude do papa Pio 12, criticado por ter mantido silêncio ante o Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Entre eles, está um relatório do núncio Francesco Borgongini-Duca que visitou sete campos de concentração na Itália, em 1941, e uma carta de agradecimentos de pessoas detidas nos campos, endereçada ao papa.
Entre os outros documentos está a nomeação ao trono papal do eremita Pietro Morrone (século 13), que se tornou Celestino 5º e foi o único papa da História a se demitir. Há também um documento do século 15 no qual Alexandre 6 divide o Novo Mundo entre a Espanha e Portugal, após a "descoberta" da América por Cristóvão Colombo. Ou ainda o decreto do papa Leão 10 que selou o cisma com os protestantes, conduzindo às guerras de religiões fratricidas na Europa.
Outros tesouros: as cartas de Michelangelo sobre a construção da Basílica de São Pedro ou um documento confeccionado em seda pela imperatriz da China Helena Wang, convertida ao cristianismo.
Mais curiosa, a missiva do chefe da tribo indígena Ojibwa datando do século 19 a Leão 13, a quem chama de "grande mestre das preces que cumpre as funções de Jesus".
Outra raridade, uma carta de Maria Antonieta presa depois da Revolução, na qual pode-se ler: "os sentimentos daqueles que partilham minha tristeza (...) são a única consolação que posso receber nestas tristes circunstâncias".
A exposição "Lux in arcana" fica em cartaz entre 29 de fevereiro a 9 de setembro. Informações também foram disponibilizadas no site.

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