Pessoas vão passar fome. Em breve. Esse efeito colateral da quarentena imposta pelo coronavírus será igualmente epidêmico. Somos um país em que desigualdades se alastram como doenças contagiosas. O Brasil está doente, e faz tempo. Infelizmente, vai piorar.
Se algum benefício imediato da pandemia puder ser anotado em nosso
prontuário, será o de expor a fratura do nosso esqueleto social,
corroído pela concentração de renda e suas sequelas.
Índices tóxicos de desemprego, 40 milhões de brasileiros colocados na
mais insalubre informalidade. Metade da população nem sequer tem acesso a
saneamento básico, quanto mais pode se dar ao luxo do prosaico ato de
lavar as mãos com água limpa.
Alguns governantes se anteciparam e, mostrando o mínimo de
sensibilidade diante da tragédia sem precedentes que se avizinha, sabem
que será necessário – com extrema urgência – levar alguma ajuda à imensa
periferia econômica desta nação.
Seremos obrigados a divulgar um diagnóstico definitivo quando o pior já
tiver passado: O Brasil segue debilitado, na UTI. Mas a consciência
desse estado preocupante, que exige cuidados extremos, talvez nos
obrigue a ir dessa para melhor – o que não será difícil, diante do
estado de calamidade pública que finalmente será decretado.
Marco Antonio Araujo, do R7
Marco Antonio Araujo, do R7